O sonho da palavra plano, da textura hoje, do fevereiro pródigo. A casa do amor amigo, do intestino aflito, da namorada longe. O peito do colega ausente, sob a mira à frente de um terço só. Escreve a letra fria sob panos quentes e derrota os males que invadem tristes a cabeça oca. Impera nos dedos duros os sentimentos trêmulos que não seguram seu coração. Bate, volta, ruge e torna possível a mágoa dilacerada de anos longos e piadas prontas. Força o ritmo, esquece a missa e se torna o milagre da sua própria existência. Levanta os mortos, mata os vivos, chora os amigos e dá asas à sua falsa eternidade. Solfeja os sonhos, alimenta o ego e descobre a realidade picada num pedaço velho de papel sujo. Sua alma entrelaça o travesseiro fofo da cama dura e permanece vegetativo sob o lençol que cobre aquilo que você não quer ver. Seu corpo é morto pela sua própria cabeça, que não move mais suas pernas, seus braços e nem seu pau. Em meio ao fevereiro pródigo, de textura hoje, este é o plano pra palavra sonho.
Whatever dream.