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Dedinhos

As unhas crescem descontroladamente em meios aos dedos que não param de apontar os infames e os sinceros que são desmascarados pela fragilidade de seus pensamentos. O julgamento dos dedos é implacável, determinante e não considera fatos, uma vez que essas dez coisinhas pontudas nas mãos não pensam, apesar de dizerem muito. Pra pôr o dedo em riste não é necessário muita coisa. O mesmo dedo que xinga aqui, xinga na China, no México ou num vilarejo da Turquia. Uma fechada de trânsito e lá está ele, fazendo exatamente o que faz melhor. Cutículas e unhas são meros coadjuvantes nessa linguagem rústica, clara e universal. E quando aponta, aponta o que quer, o que precisa e o caminho que se deve seguir. As placas sinalizadoras apenas substituíram o que o dedo já fazia há muito tempo. Suas funções vão muito além. Eles sentem, transmitem sensações e provocam outras tantas. Finalizam assuntos, pedem a conta do bar, pegam e seguram coisas que mais tarde talvez nos arrependamos. Ou não. Uns são mais hábeis e outros são pra lá de descontrolados. Os meus são assim, agitados e prolixos, contraditórios, frívolos e cheios de razão. São os dedos que executam a obra, mas não têm reconhecimento. São os dedos que precisam as coisas, que as molduram, que criam as coisas.
Apontar o dedo pra você mesmo pode ser o melhor gesto do homem.

Whatever finger

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Só uma brincadeira infame!

Pelo amor
Pêlo em pé
Pêlo paixão
Pelo que é
Um pêlo
Por ela
Pela santa
Pêlo na perna
Sem pêlo
Pela estética
Pêlo prazer
Pela fonética
Parte do pêlo
Pela pele sai
Pêlo à parte
Pelo que cai.
Pêlo amor de Deus
Pelo que cresce na barriga
Pêlos que nascem teus
Pelos que originam a vida.

Whatever for/hair

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Do fundo do meu fígado.

Pudor desenfreado de cometer loucura e assassinar o bom senso invalida a generosidade que me acomete esses dias. Não venho escrever por raiva ou por amor. Venho escrever por necessidade orgânica e inquieta de quem não diz o que quer dizer na hora em que deveria. Descarrego nas letras todas as minhas frustrações e, assim, não encho o saco de ninguém, apesar do merecimento por boa parte das pessoas. Muitas vezes meus dedos pensam mais rápido que meu cérebro e, quando vejo, já psicografei alguns dos meus problemas. Disfarço a graça e o sorriso maroto de quem, humildemente, não entende as necessidades alheias e emburrece o mundo com as suas generalidades matutas de cidadão dito espetaculoso. Vejo barrigas se encolhendo, peitos estufados e novos cortes de cabelo dando lugar à verdade inconsciente que todos – incluindo eu – deveríamos presenciar. Não debato, não brigo e nem falo mal. Continuo inerte em meio a todas essas obscuridades e com o desejo apreensivo que as pessoas fossem o que elas realmente quisessem, e respeitassem de modo contínuo e empolgante todas as atitudes das pessoas que nos cercam. Essa mixaria intelectual que vive cochichando pelos cantos não consegue deturpar o fato infalível de que somos feitos inteiros de vaidade. E a vaidade, ao contrário do meu saco, nunca tem fim.

Whatever throw up

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