As unhas crescem descontroladamente em meios aos dedos que não param de apontar os infames e os sinceros que são desmascarados pela fragilidade de seus pensamentos. O julgamento dos dedos é implacável, determinante e não considera fatos, uma vez que essas dez coisinhas pontudas nas mãos não pensam, apesar de dizerem muito. Pra pôr o dedo em riste não é necessário muita coisa. O mesmo dedo que xinga aqui, xinga na China, no México ou num vilarejo da Turquia. Uma fechada de trânsito e lá está ele, fazendo exatamente o que faz melhor. Cutículas e unhas são meros coadjuvantes nessa linguagem rústica, clara e universal. E quando aponta, aponta o que quer, o que precisa e o caminho que se deve seguir. As placas sinalizadoras apenas substituíram o que o dedo já fazia há muito tempo. Suas funções vão muito além. Eles sentem, transmitem sensações e provocam outras tantas. Finalizam assuntos, pedem a conta do bar, pegam e seguram coisas que mais tarde talvez nos arrependamos. Ou não. Uns são mais hábeis e outros são pra lá de descontrolados. Os meus são assim, agitados e prolixos, contraditórios, frívolos e cheios de razão. São os dedos que executam a obra, mas não têm reconhecimento. São os dedos que precisam as coisas, que as molduram, que criam as coisas.
Apontar o dedo pra você mesmo pode ser o melhor gesto do homem.
Whatever finger