Ah, os pés sem chão. Os pés acima de tudo que tocamos e conhecemos. Encarando as coisas e escondendo – durante alguns minutos – a nossa capacidade de não esquecer das coisas. Tão importante quanto lembrar é esquecer. Tão importante quanto esquecer é aprender com esse esquecimento. Transformar as lembranças em coisas novas, reciclar e saber que as coisas acontecem sim por acaso, mesmo que esse acaso seja encarado como destino.
E se o destino for só esquecer das coisas ou não parar de lembrar nunca? De nada adianta a mediocridade da razão se a emoção e a adrenalina são as formas que encontramos de fugir das coisas que mais nos assolam. Numa analogia barata, é como se para secar o chão usássemos apenas água.
O que nos alimenta desesperadamente todos os dias é uma coisa que ainda não entendemos bem, uma coisa que está além do alcance da compreensão ou dessa razão que vos falo. Minha razão só serve para dar asas à minha imaginação.
Do alto da minha cabeça, onde meus olhos vêem e meu corpo pensa, os sentimentos se distinguem em duas categorias: as coisas que eu quero loucamente e as outras que não quero loucamente.
A única coisa em comum, é claro, é a loucura e a ânsia de saber distinguir entre as duas.
Whatever, huh?