O sangue escorre pelos dedos e escarra na máquina o deleite vermelho e viscoso que veste um pedaço da mesa. Também assume a posição de líquido maior deixando a palavra suja e escura a cada apertar de tecla. Denigre a imagem branca da folha e acompanha violentamente o texto que marca – em preto – a luz fria que brilha e reflete na máquina cansada de apanhar a cada palavra escrita. A ferramenta que agora cospe uma tinta suada, aguada e infame é a mesma que escreveu ideologias, sonhos infantis e palavras límpidas e inocentes. Não domina a verdade, não calcula o risco e nem julga os adjetivos. Não mistura sentimentos e se concentra somente naquilo para o que está determinada. É calculista, cheia de parâmetros e investe em novas palavras que pouco dizem e, ainda assim, dizem mais que antes.
Nesse rabisco de sangue, entranha em forma de dor, permanece espessa a crença indigna e a possibilidade mórbida de começar a sujar outras formas de diálogos e expressões sentimentais.
Por fim, as palavras saem assim, meio sangue e meio falácia. Mas enfim, quer coisa mais orgânica que uma poesia escrita com sangue?
Whatever words I say.
Como dizia um amigo meu, depois de doar sangue: Lá vai uma bolsa morna de mim.
Pataca hemorrágico, pingando a alma em forma de sangue no papel?
Já fiz eu comentários que não fossem perguntas?
Ana vampira,rsrs.