Muros da minha mente

Entre muros da minha mente habitam grandes animais que vivem por lá e morrem, dia após dia, para renascer em algum momento inesperado.

São eles: focas, corujas, gatos e, principalmente, baleias.

Entre muros da minha mente vivem as baleias.

Grandes, gordas, folgadas e com uma grande quantidade de gordura para queimar. Pensam em comer o tempo todo, mas passam grandes quantidades de tempo sem comida. Nadam pelo meu cerebelo, nas entranhas do meu cérebro, transitando entre os lados e o meu córtex frontal. As baleias soltam o ar pelos espiráculos quando tentam fugir da minha cabeça. Eu fico puto. As baleias vivem felizes dentro dos muros da minha mente.

Entre muros da minha mente também vivem gatos. Vivem alguns peludos e outros sem pelo nenhum. Eles mijam pelos cantos da minha cabeça e escondem as merdas que vivem fazendo quase na medula espinhal. É difícil de achar. Eles mostram a face fofa e ronronante antes de fugir para passarem a noite fora dos muros da minha mente.

Entre muros da minha vida vivem corujas também. Elas ficam lá de noite, de olho aberto no lobo occipital. Saem vez em quando para caçar roedores e outros pensamentos apodrecidos que estão perdidos em algum lugar entre o corpo caloso e o sulco cingulado. Vive nos becos da minha mente, nas curvas mais remotas e escuras. Suas vidas são boas e profícuas. As corujas vivem felizes dentro dos muros da minha mente.

E lá estão as focas dentro da minha cabeça. Seus bigodes longos fazem cócegas na minha medula. Um bando de focas gordas e preguiçosas brincam sem medo de nada, pois não têm predadores neste grande paraíso focal. São belas, rápidas e extremamente precisas quando querem, mas querem pouco. Querem menos, cada vez menos. Acreditam que o oceano por onde nadam não vai lhes prover a continuidade da espécie. Se conformaram com isso faz uns anos e agora apenas aproveitam o dia a dia brincando entre elas para embaralhar tudo o que é possível dentro de seu habitat.

As focas vivem felizes dentro do muro da minha mente.

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